Depois de quase 1 ano sem postar nada estamos de volta para uma série de filmes antigos e alguns não tão antigos. Mas o fato é que pela correria quase não estou podendo ver filmes, estou assistindo mais séries, quando consigo, do que filmes. Os filmes que postarei aqui durante esse tempo serão na maioria criticas para trabalhos da faculdade. Portanto não achem estranho se não tiver um toque cinéfilo, mas sim administrativo.
Tempos
Modernos apesar de ter sido filmado na década de 30 pelo excelente Charles
Chaplin é um filme totalmente contemporâneo, pois conseguimos fazer inúmeras
interligações entre aquela época de fervor do inicio do século XX, com os
tempos atuais de revoluções tecnológicas constantes.
O início do filme, onde se vê várias ovelhas correndo num
pasto em seguida vários trabalhadores amontoados indo trabalhar, mostra a clara
alusão de que os trabalhadores eram tratados como animais que precisavam ser
domesticados. Noção essa que não mudou
em muitas empresas da atualidade, principalmente aquelas que necessitam de uma
mão de obra muito elevada e são extremamente especialistas, onde cada pessoa só
faz um trabalho especifico e nada mais que isso.
Essa especialização fica evidenciada na linha de montagem
da produção, onde cada pessoa fazia algo totalmente especifico e caso um deles
não faça o que precisa ser feito acaba comprometendo o resto de toda a cadeia
produtiva. Podemos fazer uma interligação quase que completa para os dias
atuais, porém de maneira diferenciada. Nas organizações de hoje, tudo continua
extremamente interligado, porém de uma maneia mais disforme do que naquela
época. Hoje se um falhar, a empresa ainda consegue continuar com a sua cadeia
produtiva.
Outra relação explicita que o filme mostra é a situação
do chefe, ele é mostrado como um folgado que só ordena e não faz nada mais que
isso, álias ele faz, fica montando quebra-cabeça enquanto manda aumentar o
ritmo da produção. Na visão de nós administradores, nós sabemos que apesar de
não parecer o trabalho de um líder ou chefe é tão ou mais extenuante do que um
trabalhador braçal. Mas sempre os trabalhadores braçais acharão que trabalham
muito mais que o chefe.
Nesse filme conseguimos também verificar alguns
distúrbios psicológicos causados pelo trabalho, mais precisamente no “tilt” que
Chaplin tem depois de repetir durante todo o dia o mesmo movimento. Podemos
fazer uma ligação não muito forte com algumas patologias que existem hoje
decorrentes do trabalho, notadamente o stress.
A otimização do tempo é algo que não mudou em nada, o que
se via naquela época é totalmente igual ao que nós vimos nos dias de hoje, o
que muda é o foco de como se consegue essa otimização de tempo. Antes se achava que
se o trabalhador não parasse seria mais eficiente, vide a máquina que tentava
alimentar o funcionário durante seu time “time lunch”. Hoje essa otimização de
tempo é feita de diversas maneiras, mas as empresas reconhecem que um
trabalhador exausto rende menos que um trabalhador descansado, e a rotina de
trabalho acabou tendo algumas modificações.
Outra característica que o filme mostra são as tensões
sociais existentes, o combate entre as autoridades, que é mostrada como
truculenta nos filmes, algo que não mudou muito nas relações existentes
atualmente. E não podemos condenar isso, muitas vezes as ações truculentas da
policia repele algo muito pior dos manifestantes, mas deveria existir um
equilíbrio de ambas as partes. Além disso, o filme evidencia a briga entre o
trabalhador e o empregador em busca de melhores condições de trabalho e
emprego. Algo que existe até hoje no mundo todo, mais ou menos extenuado do que
naquela época, dependendo do setor e do lugar.
A fragilidade das relações trabalhistas também é
evidenciado no filme, através da rotatividade de emprego que Chaplin teve por
conta desse “desastrado”, ele não conseguia se firmar em nenhum trabalho, e a
cada erro era mandando embora, mesmo tendo salvo conduto do xerife da cidade.
Outra característica evidente nesse tema é o suposto machismo existente nessas
relações, pois a garota que andava com Chaplin só conseguiu um emprego de
dançarina, profissão essa que exaltava muito mais suas características
corporais do que intelectuais. Claro que hoje isso mudou quase que totalmente,
porém em muitas empresas, para não dizer em todas, as mulheres são piores
remuneradas do que homens que fazem o mesmo trabalho.
A correria diária do trabalho fica claramente exposta na
cena do restaurante, quando Chaplin tenta entregar o pato assado para o cliente
e não consegue pois o salão está repleto de pessoas dançando e não deixa ele
chegar até onde quer. A partir dessa cena podemos fazer várias alusões aos dias
atuais, como o transito, a correria da maioria das pessoas que pouco ou nenhum
tempo tem fora do trabalho.
Essa cena ainda trás algo que até pouco tempo atrás
passava despercebido pelas empresas, a necessidade do cliente. Quando na cena o
pato, acaba ficando preso no lustre o próprio gerente do restaurante se incumbe
de entregar o mesmo pato para o cliente comer. Isso nos dias atuais é algo
impensável de se ver tão explicitamente, afinal sabemos que debaixo do pano às
vezes tais atitudes ainda imperam em algumas instituições.
Poderíamos criar inúmeros links entre o filme, organizações, e o tempo atual, mas acredito que esses sejam os mais explícitos e relevantes.
Avaliação: Imperdível