6 de setembro de 2011

Tempos Modernos (Modern Times)




Depois de quase 1 ano sem postar nada estamos de volta para uma série de filmes antigos e alguns não tão antigos. Mas o fato é que pela correria quase não estou podendo ver filmes, estou assistindo mais séries, quando consigo, do que filmes. Os filmes que postarei aqui durante esse tempo serão na maioria criticas para trabalhos da faculdade. Portanto não achem estranho se não tiver um toque cinéfilo, mas sim administrativo. 

Tempos Modernos apesar de ter sido filmado na década de 30 pelo excelente Charles Chaplin é um filme totalmente contemporâneo, pois conseguimos fazer inúmeras interligações entre aquela época de fervor do inicio do século XX, com os tempos atuais de revoluções tecnológicas constantes.
          
 O início do filme, onde se vê várias ovelhas correndo num pasto em seguida vários trabalhadores amontoados indo trabalhar, mostra a clara alusão de que os trabalhadores eram tratados como animais que precisavam ser domesticados.  Noção essa que não mudou em muitas empresas da atualidade, principalmente aquelas que necessitam de uma mão de obra muito elevada e são extremamente especialistas, onde cada pessoa só faz um trabalho especifico e nada mais que isso.
          
  Essa especialização fica evidenciada na linha de montagem da produção, onde cada pessoa fazia algo totalmente especifico e caso um deles não faça o que precisa ser feito acaba comprometendo o resto de toda a cadeia produtiva. Podemos fazer uma interligação quase que completa para os dias atuais, porém de maneira diferenciada. Nas organizações de hoje, tudo continua extremamente interligado, porém de uma maneia mais disforme do que naquela época. Hoje se um falhar, a empresa ainda consegue continuar com a sua cadeia produtiva.
         
   Outra relação explicita que o filme mostra é a situação do chefe, ele é mostrado como um folgado que só ordena e não faz nada mais que isso, álias ele faz, fica montando quebra-cabeça enquanto manda aumentar o ritmo da produção. Na visão de nós administradores, nós sabemos que apesar de não parecer o trabalho de um líder ou chefe é tão ou mais extenuante do que um trabalhador braçal. Mas sempre os trabalhadores braçais acharão que trabalham muito mais que o chefe.
          
  Nesse filme conseguimos também verificar alguns distúrbios psicológicos causados pelo trabalho, mais precisamente no “tilt” que Chaplin tem depois de repetir durante todo o dia o mesmo movimento. Podemos fazer uma ligação não muito forte com algumas patologias que existem hoje decorrentes do trabalho, notadamente o stress.
            
 A otimização do tempo é algo que não mudou em nada, o que se via naquela época é totalmente igual ao que nós vimos nos dias de hoje, o que muda é o foco de como se consegue  essa otimização de tempo. Antes se achava que se o trabalhador não parasse seria mais eficiente, vide a máquina que tentava alimentar o funcionário durante seu time “time lunch”. Hoje essa otimização de tempo é feita de diversas maneiras, mas as empresas reconhecem que um trabalhador exausto rende menos que um trabalhador descansado, e a rotina de trabalho acabou tendo algumas modificações.
         
  Outra característica que o filme mostra são as tensões sociais existentes, o combate entre as autoridades, que é mostrada como truculenta nos filmes, algo que não mudou muito nas relações existentes atualmente. E não podemos condenar isso, muitas vezes as ações truculentas da policia repele algo muito pior dos manifestantes, mas deveria existir um equilíbrio de ambas as partes. Além disso, o filme evidencia a briga entre o trabalhador e o empregador em busca de melhores condições de trabalho e emprego. Algo que existe até hoje no mundo todo, mais ou menos extenuado do que naquela época, dependendo do setor e do lugar.
           
A fragilidade das relações trabalhistas também é evidenciado no filme, através da rotatividade de emprego que Chaplin teve por conta desse “desastrado”, ele não conseguia se firmar em nenhum trabalho, e a cada erro era mandando embora, mesmo tendo salvo conduto do xerife da cidade. Outra característica evidente nesse tema é o suposto machismo existente nessas relações, pois a garota que andava com Chaplin só conseguiu um emprego de dançarina, profissão essa que exaltava muito mais suas características corporais do que intelectuais. Claro que hoje isso mudou quase que totalmente, porém em muitas empresas, para não dizer em todas, as mulheres são piores remuneradas do que homens que fazem o mesmo trabalho.
          
  A correria diária do trabalho fica claramente exposta na cena do restaurante, quando Chaplin tenta entregar o pato assado para o cliente e não consegue pois o salão está repleto de pessoas dançando e não deixa ele chegar até onde quer. A partir dessa cena podemos fazer várias alusões aos dias atuais, como o transito, a correria da maioria das pessoas que pouco ou nenhum tempo tem fora do trabalho.
           
Essa cena ainda trás algo que até pouco tempo atrás passava despercebido pelas empresas, a necessidade do cliente. Quando na cena o pato, acaba ficando preso no lustre o próprio gerente do restaurante se incumbe de entregar o mesmo pato para o cliente comer. Isso nos dias atuais é algo impensável de se ver tão explicitamente, afinal sabemos que debaixo do pano às vezes tais atitudes ainda imperam em algumas instituições.
          
  Poderíamos criar inúmeros links entre o filme, organizações, e o tempo atual, mas acredito que esses sejam os mais explícitos e relevantes. 

Avaliação: Imperdível